Por meio dos diferentes meios de comunicação, são criados estereótipos sobre os mais variados temas, inclusive sobre diferentes culturas, como é o caso dos povos indígenas. Existem representações preconceituosas, vinculadas a uma visão do passado colonial, que são perpetuadas na sociedade brasileira desde a formação escolar até a produção midiática, prejudicando o (re)conhecimento dos modos de ser e viver dos indígenas nos dias atuais.

Na contramão da grade mídia

A melhor forma de entender uma cultura é escutar quem está inserido em sua realidade. Através do vídeo “Menos Preconceito, Mais Índio” (2017), produzido pelo Instituto Socioambiental (ISA), fica claro que a identidade indígena é constantemente questionada pela sociedade não indígena. Na contramão da grande mídia, o ISA foi bem sucedido em apresentar o povo Baniwa em atividades do seu dia a dia e em dar espaço para se expressarem em sua própria língua. Fica evidente, nessa produção, o jogo de linguagem que contrapõe o discurso verbal (representando o senso comum) à realidade das imagens gravadas.

Os indígenas são contemporâneos

É preciso ouvir diretamente as pessoas que vivenciam diferentes perspectivas de mundo, buscando se identificar intelectual e afetivamente com elas, e entender que os indígenas são contemporâneos e podem compartilhar objetos e hábitos típicos das culturas ocidentais globalizadas sem que isso signifique anular suas heranças e saberes ancestrais.

Nesse sentido, a autoidentificação como indígena se dá pelo reconhecimento de que sua cosmovisão é similar à do povo ao qual o indivíduo pertence, determinada pela coesão dos conhecimentos histórico-culturais desenvolvidos ao longo dos anos. Mesmo valorizando a ancestralidade, a cultura indígena é dinâmica e se adapta às tecnologias do mundo globalizado, sem anular o pertencimento do indivíduo ao seu povo, cujas tradições, saberes e costumes convergem em uma visão de mundo semelhante. É por isso que o narrador baniwa do vídeo questiona:

“e se tudo mudou e você continua sendo “homem branco”, por que a gente não pode mudar e continuar sendo índio?”

Diferentes culturas e suas singularidades

São diferentes etnias no Brasil, dispersas em todo o território nacional, com múltiplas línguas e culturas, mas unidas pelo termo “indígena” em prol de uma luta maior: o respeito, a valorização de suas culturas, a demarcação de suas terras, o reconhecimento de suas contribuições e conhecimentos acumulados ao longo de milhares de anos e a sua representatividade, para que sejam garantidos seus direitos com equidade. Entender as diferentes culturas é crucial para o desenvolvimento de políticas públicas que englobem e respeitem as singularidades de cada povo, asseguradas pela Constituição Federal de 1988.

Quer saber mais sobre o Instituto Socioambiental? Acesse: https://www.socioambiental.org/

Quer saber mais sobre os Baniwa e os povos indígenas no Brasil? Um bom começo pode ser aqui: https://pib.socioambiental.org/pt/P%C3%A1gina_principal 

 

Autores

Karine Assumpção

Luciana Sales Purcino

Giulia Battistini Conti

Lailiane Campos Bitercourt

Angelmar Constantino Roman

Murilo Santos Oliveira

Jeremias Rodrigues da Costa

 

Revisão

Willian Fernandes Luna

 

Material produzido no Curso Introdução à Saúde dos Povos Indígenas – UFSCar – 2022

Apoio:

Autor

  • Adriano Rodrigues Luz

    Licenciado em Física pela UFPR em 2018, em que participou de Iniciação Científica e projetos de extensão como o PIBID Física e o Física Brincando e Aprendendo (FiBrA). Atualmente, cursa medicina na UFSCar, com interesse em educação em saúde, saúde mental, saúde afro-indígena, psicologia e psiquiatria.

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