Autoria: Roque JR
Descrição da obra: Neste momento de isolamento físico, muitos pensamentos vêm à mente e inspiram as pessoas a escrever, fazer reuniões, lives, com o foco em procurar melhorar suas vidas e a do próximo. Muitas iniciativas estão ocorrendo em muitos locais, apesar do distanciamento, a convivência como um todo está, em definitivo, melhorando.
Expressão: Literatura
Trajetória na pandemia,
“bipolaridade” e Luta Antimanicomial
No início da pandemia, fiquei sabendo por meio do Fórum Gaúcho de Saúde Mental (FGSM), ao qual integra a militante Judete Ferrari, de Alegrete (RS), desempenhando o nobre trabalho de auxílio aos facilitadores de grupos de apoio a pacientes portadores de transtornos bipolar de humor, que, diante do isolamento físico por conta da COVID-19, passariam a ser criados grupos on-line. Solicitei meu ingresso, ainda que meu município, Farroupilha (RS), se localize há mais de 400 quilômetros de Alegrete (RS).
No início, previa-se encontros durante três tardes (às terças, quartas e quintas-feiras) entre as 14h e 16h. Já em abril, por se perceber a dificuldade de alguns dos participantes com a insônia, foi criado o Plantão da Madrugada, que ocorre todas as noites entre 19h e 7h. Passado algum tempo, os grupos de apoio foram se multiplicando, e, hoje, são mais de dez deles só no estado do Rio Grande do Sul. Sem contar outro grupo que opera à noite, das 19h às 24h, montado em Belém (PA). Neste segundo momento, já criamos também um grupo aqui em Farroupilha (RS).
Atravessar o Guaíba a nado – Roque JR (Qui23JUL2020/13h49min)
Cito um dos episódios vividos enquanto estava em crise maníaca da bipolaridade, a qual gerou minha sétima internação psiquiátrica, em fevereiro de 2006: tentei atravessar o Rio Guaíba, localizado em Porto Alegre (RS) a nado. Não só tentei a proeza como também fui à redação do jornal Correio do Povo, informativo estadual e com maior circulação no RS, o qual, com a antiga administração, já tinha publicado algumas fotografias de minha autoria. Lembro que senti certa intuição, percepção, inconsciente ou consciente. Após, em julho de 2007, fui buscar a certidão da ocorrência (n.010/2007), que guardo com certo carinho, até como um troféu, pois comprova, com o resgate, a continuidade de minha vida. Em muitos momentos desde o ocorrido pensei em falar sobre o assunto, mas sempre ficava muito desconfortável, incomodado. Em uma de minhas lives e em algumas palestras cheguei a citar alguns detalhes, e agora, pela primeira vez, torno isso público com tantos detalhes. Com a possibilidade de morte muito próxima na pandemia, me lembrei desse episódio que quase terminou com minha vida. São momentos parecidos que nos fortalecem a falar (e a escrever) muitas coisas que acontecem conosco e podem auxiliar outras pessoas.
Desconstruções – Roque JR (Sex12JUN2020(Dia dxs Namoradxs)/10h40min)
Em muitos momentos nossas vidas são desconstruídas. Nossas teorias, teses, ideias e entendimentos, em geral. Entendo que não apenas são boas, mas também muito necessárias essas transformações e esses “baques” em nosso cotidiano, em nossas vidas. Saliento que se cursarmos vários semestres de faculdade e não mudarmos nada, algo está muito errado e devemos rever o que fazemos. Constantemente ocorrem desconstruções, seja na faculdade, seja na associação de moradores, seja no CAPS, seja no NASF, seja no Conselho, ou em tantos outros locais. Na maioria desses momentos, a gente aprende e muda para melhor.
Gostei muito de ler …tuas proezas !! O relato encoraja nos outros !!
Receba meu abraço !