Autoria: Edilma Silva Rainha.
Descrição da obra: As crianças precisam ser olhadas com mais cuidado e carinho, sobretudo as meninas que um dia se tornarão as mulheres da Terra.
Expressão: Literatura.
Obra 1
Conta como é o sofrimento para uma menina preta pentear seus cabelos crespos.
CABELO DE MENINA PRETA
Laurinha, uma menininha de quatro aninhos, nasceu de pele preta e cabelos crespos. Sua mãe costumava lhe fazer tranças, para não virar uma moita em cima de sua cabeça.
– Ai, mãe! – gritava Laurinha enquanto sua mãe penteava o seu cabelo.
– Preciso amarrar essas pontas para não soltarem depois. – dizia a mãe.
O cabelo de Laurinha era grande e cheio e todas as vezes que a mãe lhe penteava era aquele sofrimento.
Certa vez, assistindo à televisão, Laurinha viu um comercial de creme capilar para deixar os cabelos crespos mais soltos e balanceáveis.
– Compra, mãe! Tenha pena de mim! – dizia Laurinha, implorando para a mãe comprar o produto. Mas, sua mãe lhe dizia que o creme era muito caro e que não dispunha de reservas para comprá-lo.
Até que um dia, chegou à sua casa uma tia que morava em São Paulo. Tia Jandira era irmã da sua mãe. O cabelo dela também era longo e crespo, mas estava bem soltinho, que parecia dançar com o vento.
Laurinha ficou deslumbrada com sua tia paulista. Mais tarde, sentou-se no seu colo e passou os dedinhos pelos seus cabelos soltos. Sentindo uma leveza em sua mãozinha, começou a desenrolar os cachos da tia. Depois criou coragem e pediu para que fizesse um jeito de deixar o seu cabelo igualzinho ao dela:
– Eu não aguento mais mamãe puxando! – disse ela, olhando para a tia, com olhinhos chorosos.
Tia Jandira comovida, olhando para sua irmã, falou que no dia seguinte iriam as três a uma loja de cosméticos, pois ela fazia questão de comprar o creme para relaxar os cabelos da sobrinha.
No dia seguinte, Laurinha foi a primeira a levantar-se. Depois do banho, sua mãe lhe vestiu com um shortinho e camiseta e lhe deu uma sapatilha para calçar. Não foi preciso trançar os cabelos porque suas tranças ainda estavam firmes e arrumadinhas na cabeça.
As três entraram na loja. Uma vendedora lhes atendeu. Laurinha apressou-se a explicar sobre o creme que elas procuravam.
– Aquele da televisão! – disse ela.
A vendedora sorriu, lhe vendeu o produto e ainda indicou uma cabeleireira que cuidava de cabeças afro e infantis. Laurinha decidiu que deveriam ir naquela hora mesma. E lá se foram as três. Quando chegaram ao salão, Laurinha feliz falou:
– Quero meu cabelo bem soltinho, igualzinho ao da minha tia! – disse ela.
A cabeleireira, com muito cuidado soltou as longas tranças de Laurinha, lavou seus cabelos, passou o produto, esperou alguns minutos, lavou mais uma vez, enxugou, aparou as pontas, condicionou, hidratou…
– Pronto! – disse a cabeleireira, já depois de algumas horas.
– Ficou mais linda que eu! – falou a sua tia, que recebeu um grande abraço em seguida.
– Mamãe agora não me puxa mais! – disse Laurinha, balançando seus lindos cachos.
Todas riram e voltaram para casa muito felizes.
Obra 2
Conta como o capricho prejudica uma criança.
CAPRICHOSA
Mirian não gosta de acordar cedo.
Mirian não gostava de ir para a escola.
Mirian não gostava de tomar banho.
Mirian não gostava de comer verduras.
Mirian não gosta de pentear os cabelos.
Mirian tem 8 anos, estuda pela manhã e todos os dias é uma novela para se acordar, se arrumar, tomar café e sair. A mãe já não sabe mais o que fazer. Ajeita daqui, ajeita dali e, às vezes, pensa em até lhe dar umas palmadas, mas fica com medo de se arrepender.
Um dia, para não ir à escola, Mirian inventou que estava doente de dor de cabeça. A mãe lhe deu um analgésico e ela passou a manhã inteirinha só deitada na cama, assistindo à televisão.
Justamente naquele dia teve a festa de aniversário da Patrícia, a sua melhor amiguinha da classe. Bartira, uma de suas coleguinhas, que morava perto de Mirian, lhe levou um pedaço de bolo da festa.
Miriam começou a chorar na sua frente porque perdeu a festa. Bartira voltou em direção à sua casa pensando:
– Êta, menina caprichosa!
Obra 3
Mostra que uma criança ainda tem muito que aprender.
MEMÓRIA CHEIA
Matilde tem sete aninhos, mora com seus pais e sua avó por parte de mãe, no centro de uma cidade do interior do Nordeste.
A vovó vive sentada numa cadeira de balanço. Matilde gosta de balançar a cadeira, enquanto conversa com sua avozinha, que já não lembra mais das coisas. Matilde percebe que sempre responde as mesmas perguntas que a avó faz.
Matilde pergunta para a mamãe porque a avó não se lembra mais das coisas e mamãe lhe responde, dizendo que é porque sua memória está acabando.
O papai de Matilde é contador e faz serviços prestados em casa. Matilde ouviu papai dizer que a memória do seu notebook está cheia e que precisa comprar uma nova ou um HD externo o mais depressa possível.
Matilde pergunta a papai para que serve uma memória nova e o pai lhe explica direitinho.
Matilde vê a mamãe chorando e se lamentando, porque em breve vovó não se lembrará mais dela.
Matilde tem uma ideia. Pega seu porquinho quase cheio de moedinhas, que estava juntando para comprar patins novos e começa a contar. Coloca num saquinho, atravessa a rua e vai até uma loja de eletrônicos.
Quando chega na loja, despeja todas as suas moedinhas em cima do balcão e pergunta ao vendedor:
– Essas moedinhas dão para pagar uma memória de gente?
Obra 4
Nunca dê o que não lhe pertence!
A CARIDADE DE JOANA
Joana era filha única e tinha apenas cinco anos. Morava numa rua depois da Praça das Flores. Ela tinha tantos brinquedos que alguns ficavam em cima de sua cama.
Na antevéspera do Natal, época em que as pessoas costumam fazer caridade, mamãe pediu para Joana algumas roupinhas, sapatos e brinquedos que ela não quisesse mais. A menina puxou a gaveta, retirou meias, casaquinhos e separou os brinquedos que ela já tinha deixado de lado por muito tempo. Ajudou mamãe a colocar na caixa, com muita satisfação em poder ajudar.
Todas as noites a mamãe de Joana costumava lhe cobrir com um lençol azul. Como o lençol já estava velhinho, resolveu colocá-lo também em uma das caixas de doações.
No dia seguinte, logo cedo, os pais de Joana entregaram as caixas com doações para as famílias abrigadas na praça. Uma das caixas foi entregue a uma mulher que tinha uma filha mais ou menos da idade de Joana.
Joana tinha ido com eles e na volta, quando o carro rodeou a praça, a menina resolveu olhar pela janela e viu uma mulher enrolando a filhinha no seu lençol azul.
À noite, a família de Joana comemorou o Natal com muita comida e presentes. Depois, mamãe e papai deram um beijo de boa noite na menina e foram se deitar. Mas Joana não conseguia dormir. Sentindo falta do seu querido lençol, rolava-se para um lado e para o outro. Então, a menina teve uma ideia. Puxou um dos lençóis de sua cama, enrolou nele um bocado de brinquedos, arrastou-os até a porta, abriu e foi em direção à Praça das Flores.
Mamãe escutou um barulho e chamou papai para verificar se tinha ladrão dentro de casa. Papai viu a porta entreaberta e um brinquedo de Joana no chão. Mamãe percebeu que a menina não estava em sua cama.
Aflitos, os dois correram para fora de casa e viram um rastro de brinquedos da menina pelo caminho.
Quando chegaram à Praça das flores, encontraram todos dormindo. A mulher de um lado e as duas meninas, enroladas no lençol azul.
Obra 5
A amizade pode nascer de uma forma inusitada.
UM RECREIO DIFERENTE
Na Escola Municipal Professora Marizete havia uma enorme árvore ao lado da quadra de esporte. Embaixo da árvore era o lugar preferido de três alunas do Segundo Ano, do Ensino Fundamental: Suzana, Helena e Valquíria. Elas costumavam se encontrar ali, todos os dias, na hora do recreio.
Um dia, apesar do barulho que as crianças faziam, as três coleguinhas escutaram um bichinho piando. Caminharam em direção do barulho e viram que um passarinho tinha caído do ninho que estava na árvore.
Helena abaixou-se para apanhá-lo, mas Valquíria logo a impediu, dizendo que ele poderia estar ferido e se ela o segurasse poderia machucá-lo ainda mais.
E agora? Os que elas poderiam fazer para ajudar aquele bichinho indefeso? Se o deixassem ali, as outras crianças, na correria, poderiam acabar pisando nele sem querer.
– Não podemos deixá-lo aqui! – falou Helena!
– De fato, alguém pode machucá-lo! – concordou Suzana.
– Como vamos devolver o passarinho ao seu ninho? – perguntou Valquíria.
– E se a gente arrastar um birô até aqui, colocar uma cadeira em cima e subir para alcançar a polpa da árvore, onde está o ninho? – perguntou Suzana.
– Vai virar tumulto, isso sim! Além de tomarmos um belo castigo! – concluiu Valquíria.
Olhando para cima, Helena percebeu que o galho onde estava o ninho não era tão alto assim. Então, acenou para Bianca, uma menina grande e forte que ninguém costumava brincar com ela porque achavam-na esquisita.
Bianca chegou sorridente, pois ninguém nunca lhe dera atenção no recreio, se inteirou do caso e depois falou:
– Já sei como ajudar vocês! Vamos chamar a Sabrina para subir em meus ombros. Se ela conseguir ficar em pé, vai alcançar o ninho! Ela é filha de circenses e sabe equilibrar-se em cima das coisas.
Quando Sabrina chegou concordou em subir. Disse que costumava fazer isso no circo e que era moleza para ela. Com jeitinho, subiu nos ombros de Bianca, ficou em pé por uns segundos, abrindo os braços para se equilibrar. Depois se abaixou um pouco, enquanto Helena colocava o passarinho em sua mãozinha com cuidado.
As outras crianças estavam tão entretidas no recreio, que não perceberam a proeza das meninas, alcançando o ninho e deixando o passarinho dentro dele. Agradecidas, Suzana, Helena e Valquíria deram um abraço em Bianca e em Sabrina. Elas ficaram ao pé da árvore conversando e fazendo promessas de amizade para toda a vida.
Depois ouviram o sinal tocando. O recreio tinha acabado.
Parabéns pelo belo trabalho realizado pela educação. Você é um instrumento de insentivo a leitura aos nossos alunos e aos cidadãos que valoriza a arte.
Obrigada pelo carinho, Arlete!
Amei os contos!!!! Prendeu minha atenção e fiquei com vontade de saber logo o final.
Parabéns Edilma!!!!
Identifiquei-me com a Laurinha. Eu filha de mãe branca e pai negro nasci com os cabelos crespos!!!!
Maior trabalho para pentear!!!!
Kkkkk
Acho que Laurinha sou eu mesma quando menina kkkkk… Obrigada pelo seu carinho, Elisangela!
Amei ver meus escritos publicados!
Estou muito agradecida!
Nós que agradecemos sua participação!