Autoria: Gardênia Sousa.
Descrição da obra: O poema “Se sobrar o céu…” nasce dos dias de resguardo nos quais encontrei em mim uma menina simples que conversa com as nuvens e nelas encontrou o maior refúgio. A escrita, os desenhos e principalmente a observação das coisas simples têm impedido a ansiedade dos dias. E se sobrar o céu, tão belo em suas diversas formas e cores, para inspirar tantas mentes e corações doridos, ainda teremos tudo.
Expressão: Literatura.
SE SOBRAR O CÉU…
Quando os primeiros raios de luz atravessam a cortina
O quarto todo demora-se em azul.
É a hora de abrir os olhos.
A pele toca o frio chão
E a direção tomada é a da janela
Ela me aguarda, ansiosa
O frio ferro agora é ferido pelo calor
Observo, escrevo, aprecio
Os fios do poste que a vista ainda alcança
As árvores que outrora descansavam sobre o muro
Cortadas, repousam em algum lugar
Eu repouso em mim
Desenhei nas paredes balões e flores
Pintei o céu ensolarado, estrelado, cinza
Admiro-o todos os dias, desde o clarear até a escura noite
Descanso a mão no ferro descascado
Janela cercada, portas cerradas
Estou refugiada em casa, nos livros, em mim
O céu é meu eterno confidente, escuta meus pensamentos
Todos os dias presenteia-me com desenhos
Enquanto os vigio daqui, dessa janela, tenho ele comigo
E se sobrar o céu depois de tudo isso… ainda terei tudo.