O surto da COVID-19 é de emergência de Saúde Pública, determinou a adoção do isolamento social e, no bojo das medidas de controle e contenção, acarretou a interrupção da ida das crianças às escolas. Cada instituição escolar administrou seu calendário e a manutenção das atividades tomando inúmeras particularidades. Desde maio, diante do relaxamento do isolamento social e da retomada de atividades, ponderações acerca da retomada das aulas vêm sendo feitas. Recentemente, em 24 de junho de 2020, o governo do estado de São Paulo anunciou etapas para a retomada das atividades presenciais nas escolas pautadas no comportamento da curva epidêmica nas diversas Regionais do Estado. Estabeleceu três fases, a primeira iniciando com 35% da capacidade da escola, com previsão de que ocorra por volta de 08 de setembro de 2020.

A intenção desta publicação é dar visibilidade aos apontamentos e reflexões para a reorganização dos espaços escolares diante da presença da criança neles. A escola é um espaço de encontros, no qual a criança tem aprendizagens ímpares. Sabe-se a falta que as crianças têm sentido em relação a esta ida física à escola, sobretudo pelo encontro com seus pares. Elas anseiam por este momento, imersas pelas preocupações que compartilham com os familiares e mídias. De todo modo, aos adultos (equipe escolar e pais/cuidadores) está a tarefa de promover, garantir e dar suporte a um retorno seguro e saudável a este espaço. Nesta direção, a promoção de atividades em ambientes de menor risco à transmissão do vírus é relevante.

A espontaneidade das crianças e seu comum desejo de relações junto aos colegas, pode favorecer ocorrência de situações que contribuem, neste momento, com a transmissão do novo coronavírus, a exemplo de compartilhamento de brinquedos e alimentos e/ou menor atenção ao uso de medidas de higiene e etiqueta respiratória. Ainda, cabe destacar que as crianças assintomáticas são transmissoras do vírus SARS-CoV-2. Assim, atividades educativas pautadas em ações colaborativas com uso da proximidade física estão, na atualidade (junho de 2020), desaconselhadas nos documentos que tratam da retomada das aulas presenciais. Cuidados deverão considerar o número de crianças por sala, com uso de mesas individuais em arranjo espacial que garanta minimamente 1,5 metro de distância de outra mesa. Na intenção de reduzir aglomerações organizações de horários que reduzam encontro de turmas é reforçado, com atenção ao manejo do horário dos intervalos e entrada e saída da escola.

Ainda na direção de reduzir chances de contato com o vírus, rigorosos e intensos cuidados com a higienização dos recintos e superfícies são relevantes e incluem, sobretudo, maçanetas, interruptores, teclados, e outros objetos que são tocados por um coletivo. A todo estudante está recomendado uso de sua própria garrafa de água, utilizando os bebedouros da escola apenas para reposição da água.

Garantir a lavagem das mãos, o uso de álcool em gel e máscaras por todos (exceto crianças menores de dois anos) está entre medidas fortemente recomendadas às escolas. Crianças do grupo de risco da COVID-19  e/ou com sinais sugestivos de quadro infeccioso, está desaconselhada a voltar ao ambiente escolar, quando uso de atividade remota mediada por tecnologia informacional está indicada. As indicativas servem aos colaboradores da escola. Ainda, está assinalada a necessidade da escola prever em seu ambiente um local separado para direcionar pessoas com sintomas sugestivos de infecção pelo coronavírus. Inclusive, alguns documentos sugerem a aferição da temperatura na entrada no espaço físico das instituições, tomando o valor de 37,8Cº como febril e limitador da entrada da criança e de colaboradores na escola.

Para finalizar, cabe mencionar que esse processo de formação continuada e crítico acerca da COVID-19 e dos comportamentos diante das recomendações para contenção do coronavírus estão apontados enquanto essenciais para uma conduta cidadã no espaço escolar.

Versão em Libras:

Recomendamos os seguintes documentos para um aprofundamento na questão: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22516b-NA_-_COVID-19_e_a_Volta_as_Aulas.pdf

 

Autoria:
Monika Wernet
Deborah Carvalho Cavalcante
Patricia Carla de Souza Della Barba

 

Créditos da imagem: Pixabay no Pexels 

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Autor

  • Monika Wernet

    Professora Associada junto ao Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos. Estágios Pós-doutoral na Universidade de São Paulo (Faculdade de Medicina e Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto) nas questões da autonomia e reconhecimento e o cuidado em saúde. Especialista em Cuidado Pré-natal pela Universidade Federal de São Paulo. Líder do grupo de pesquisa Saúde e Família, CNPq. Desenvolve pesquisa e extensão voltadas: (1) à promoção e proteção do desenvolvimento de crianças e adolescentes, com atenção à parceria saúde e escola; (2) ao suporte à parentalidade, em especial no contexto de gestação e nascimento de risco e adoecimento crônico infantil e (3) às práticas colaborativas interprofissionais na atenção à saúde.

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