Autoria: Costa Alves
Descrição da obra: A obra relata os dois lados da sociedade durante a pandemia e seu isolamento social: o lado egoísta e o lado humanitário.
Expressão: Literatura
Pandemia
Em tempos amargos, mais do que sofridos Em tempos de clausura do corpo e da alma, Trancaram-se corações, muitos já estavam quase mortos dentro do próprio peito cansado.
Foi preciso parar, diminuir a intensidade que andava a mil Foi preciso colocar o trem de volta aos trilhos da vida O silêncio já quase inexistente virou oração A saudade virou realidade E o rancor virou amor, paixão.
Em uma época na qual despedir-se de alguém virou rotina Por ironia ou destino, O pai lembrou do filho, O irmão da mãe, O neto do esquecido avô.
Muitos desacertados errantes, até tentaram aplaudir sua própria sorte Exibiram a falsa virtude da casa abarrotada de aprovisionamentos Brindaram com seus melhores vinhos, o egoísmo, a pior de sua parte escura, Mas esqueceram-se que o amor não mora em uma fria dispensa, mora sim, ainda, dentro de todo e qualquer esquecido e caloroso sentimento.
Já outros virtuosos vestiram a armadura do bem, Empunharam a espada da caridade e mesmo com sua integridade ameaçada, Apenas amaram o outro mais do que a si próprio Mesmo que lá, ainda vivesse sorrindo o maldito descaso, O poder do bem se fez maior.
Sim, infelizmente muitos tiveram que partir, Ou quem sabe voltar para casa, Tantas despedidas vieram para cravar o verdadeiro sentido da vida Onde ninguém pode e deve ser melhor que seu próprio semelhante, No semblante deu exatamente pra ver um misto, Do inútil e pequeno materialismo, Misturado a um enxame de múltiplos atos de compaixão.
Na verdade, descobriram, no caos, que a dor existe e se existe machuca, Seja o rico, pobre, bonito ou feio, Tão pouco importa, pois na vida o que se verdadeiramente almeja,
É ar nos pulmões para respirar, E Amor no coração para amar.
Sabendo-se que a felicidade não mora dentro de um cofre, Mas sim no sorriso proporcionado por nós no rosto alheio A dor passou, a lágrima virou alegria, Amor venceu como sempre, sobrepujando a pandemia.
Há! como é bom viver E nós nem sabíamos disso…