Autor: João Pedro de Barros Fernandes Gaion
Revisora do Texto: Profª. Drª. Cristina Helena Bruno Terruggi
A ivermectina (22,23-diidroavermectinaB1a) é uma droga anti-helmíntica da classe das avermectinas, amplamente utilizada em infecções por artrópodes e nematoides parasitários. Em humanos, após a administração, o pico de concentração plasmática se dá em torno de 4 a 5 horas, e a meia-vida da droga é de cerca de 57 horas. A droga apresenta depuração lenta no organismo, amplo volume de distribuição, principalmente através de proteínas plasmáticas, com porcentagem de ligação de 93%, e metabolização majoritariamente hepática, por meio do CYP3A4 (MCCARTHY; LOUKAS; HOTEZ, 2012). A droga possui ação antiviral, inibindo a entrada nuclear mediada por Importina Alfa/Beta, e o funcionamento da Integrase (WAGSTAFF et al., 2012). Um estudo in vitro (CALY,2020), em que pesquisadores cultivaram SARS-CoV-2 em células Vero/hSLAM, seguido de teste PCR para RNA viral do SARS-CoV-2, concluiu que a Ivermectina reduziu em até 93% a presença do material genético viral nas células. Atualmente, sete estudos clínicos estão sendo realizados mundialmente (www.clinicaltrials.gov): três no Egito, dois nos Estados Unidos, um no Iraque e um na Índia; mas não há resultados parciais do funcionamento da droga em seres humanos com COVID-19 a partir desses estudos.
A nitazoxanida é um antiparasitário sintético baseado estruturalmente na niclosamida, utilizada em infecções por helmintos e protozoários. Após administração, sofre hidrólise rapidamente e é transformada no composto ativo tizoxanida, que se conjuga principalmente em glicuronídeo de tizoxanida, e é transportada pela corrente sanguínea em 99,9% de sua concentração através de proteínas plasmáticas. A concentração plasmática máxima é atingida entre uma e quatro horas após administração. A tizoxanida é excretada por bile, fezes e urina; enquanto o glicuronídeo de tizoxanida é excretado na urina e na bile (PHILLIPS; STANLEY, 2012). A nitazoxanida tem ação antiviral de amplo espectro, principalmente em vírus que se multiplicam no sistema respiratório, como influenza A e B, paramixovírus, picornavírus e o coronavírus canino (ROSSIGNOL, 2014). Um estudo (ROSSIGNOL, 2016) demonstrou atividade da nitazoxanida na inibição da proteína N do MERS-CoV, além de suprimir a produção de citocinas proinflamatórias e de IL-6 em ratos. Atualmente, oito ensaios clínicos estão testando a eficácia e a segurança do tratamento com nitazoxanida em seres humanos com COVID-19, um deles no Brasil, em São Paulo e Campinas, nomeado “Efficacy And Safety Of Nitazoxanide For The Treatment Of Hospitalized Patients With Moderate COVID-19” (www.clinicaltrials.gov).
Referências bibliográficas:
CALY, L. et al. The FDA-approved drug ivermectin inhibits the replication of SARS-CoV-2 in vitro. Antiviral Research, v. 178, 3 abr. 2020. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0166354220302011?via%3Dihub. Acesso em: 4 maio 2020.
MCCARTHY, J.; LOUKAS, A.; HOTEZ, P. Quimioterapia das infecções por helmintos. In: BRUNTON, L.L.; CHABNER, B.A.; KNOLLMANN, B.C. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. cap. 51, p. 1443-61.
PHILLIPS, M.A.; STANLEY, S.L. Quimioterapia das infecções por protozoários: amebíase, giardíase, tricomoníase, leishmaniose e infecções por outros protozoários. In: BRUNTON, L.L.; CHABNER, B.A.; KNOLLMANN, B.C. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. cap. 50, p. 1419-42.
ROSSIGNOL, J. Nitazoxanide: A first-in-class broad-spectrum antiviral agent. Antiviral Research, v. 110, p. 94-103, 7 ago. 2014. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0166354214002137?via%3Dihub. Acesso em: 4 maio 2020.
ROSSIGNOL, J. Nitazoxanide, a new drug candidate for the treatment of Middle East respiratory syndrome coronavirus. Journal of Infection and Public Health, [S. l.], p. 227-30, 1 jun. 2016. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1876034116300181?via%3Dihub. Acesso em: 4 maio 2020.
WAGSTAFF, K.M. et al. Ivermectin is a specific inhibitor of importin α/β-mediated nuclear import able to inhibit replication of HIV-1 and dengue virus. Biochemical journal, v. 443, p. 851-56, 1 maio 2012. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3327999/. Acesso em: 4 maio 2020.
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Estes dados se baseiam em estudo in vitro, em células de macaco, e apontam uma dose eficaz na ordem de 5 micromolar (uM) para a atividade antiviral, bem como para atuar nas importinas alfa e beta uma dose de 17 micromolar (uM) seria necessária. No entanto, mesmo utilizando uma dose 10x maior que a usual, estudos em seres humanos demonstram que a concentração plasmática da ivermectina fica a 5 ordens de grandeza inferior a este valor. Portanto, a farmacocinética da ivermectina não permite atingir concentrações elevadas no plasma e com o aumento da dose irá aumentar a penetração na barreira hematoencefálica o que pode levar a efeitos neurotóxicos já que ela atua em receptores GABAergicos. Confira estas informações neste artigo: https://doi.org/10.1080/13102818.2020.1775118
Ivermectin as a potential COVID-19 treatment from the pharmacokinetic
point of view: antiviral levels are not likely attainable with known
dosing regimens
Ivermectina e Azitromicina foram fundamentais para minha recuperação do covid 19. Na torcida pelo avanço dos estudos e ampliação do uso do medicamento pelo sus. Obrigada pelo ótimo artigo.
Na torcida!!!a favor da vida!!!
boa tarde, gostaria de saber como esta essa pesquisa hoje?
Procure no Youtube Dra Lucy Kerr… Exibe vários trabalhos científicos mostrando a eficácia da Ivermectina….