O contexto pandêmico da COVID-19 nos apresenta desafios de natureza variada, e reservamos este espaço para pensar sobre o desafio informacional que se instaurou, uma vez que o risco de colapso nas redes de produção do conhecimento, em decorrência da superprodução e circulação de conteúdos sobre o assunto, também é real. Um BigDateCOVID-19 eclodiu com a mesma velocidade que a proliferação do vírus.

Nesta altura, a produção científica, que sempre tem sido orientada por regimes já bem estabelecidos, se faz valer como fonte segura e determinante na construção do conhecimento e na produção de respostas aos problemas da sociedade.

Neste cenário, o movimento de Acesso Aberto às produções científicas ganha força e se torna decisivo para o combate à pandemia causado pelo Novo Coronavírus.

Em um processo inédito e em escala Global, diferentes institutos, associações e outros agentes de pesquisa, flexibilizaram o acesso as suas fontes científicas de modo irrestrito.

São centenas de iniciativas em desenvolvimento dedicadas à curadoria da informação científica, que fazem uso sofisticado dos recursos de Machine Learning para recuperação da informação, mas que também se utilizam de ferramentas sintáticas simples para a divulgação científica.

Assim, sem discriminar nenhuma das ações desenvolvidas, selecionamos algumas iniciativas que tem dado o devido tratamento às informações científicas sobre a COVID-19, garantindo seu acesso preciso, aberto e irrestrito.

O Projeto OpenAire é uma rede de repositórios institucionais, resultado de uma iniciativa da Comissão Europeia para a promoção da Ciência Aberta nos países europeus.  Esta plataforma esta disponibilizando interface de busca direta a conteúdos sobre COVID-19 e dá acesso aos uploads diários que estão sendo feitos sobre o assunto: https://www.openaire.eu/openaire-covid-19-gateway

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), também tem feito um trabalho refinado para dar acesso à informações técnicas e pesquisas sobre COVID-19 nas Américas (https://covid19-evidence.paho.org/?locale-attribute=pt_BR), disponibilizando fontes variadas de informação em seu Repositório (https://iris.paho.org/).

Na mesma linha, especificamente na Argentina, a Universidad Maza atualiza e oferece conteúdos com perspectivas latinas em seu repositório aberto (http://repositorio.umaza.edu.ar/handle/00261/1050).

Destacamos ainda a Biblioteca Virtual em Saúde da Fiocruz no Brasil, que além de dar acesso à informação científica, disponibiliza um conjunto de produtos voltados à divulgação e popularização do assunto para comunidades vulneráveis, a partir do Projeto Se Liga no Corona (https://portal.fiocruz.br/noticia/covid-19-fiocruz-lanca-acoes-de-apoio-populacoes-vulneraveis). O processo de tradução é algo que está sendo extremamento necessário para a disseminação destes conteúdos científicos, sendo um assunto que iremos explorar melhor em um próximo post.

Reforçando as iniciativas nacionais, destacamos o Diretório de fontes de informação científica de livre acesso sobre o Coronavírus criado pelo IBICT (Instituto Brasileiro de Informação e Tecnologia). A variedade documental do diretório merece destaque, são teses, dissertações, dados de pesquisa, ensaios clínicos nacionais e internacionais, tudo relacionado ao coronavírus e à COVID-19 (http://diretoriodefontes.ibict.br/coronavirus).

A partir deste momento emergencial, novos regimes de produção, acesso e fluxo irrestrito da produção científica possam ser incorporados nos protocolos institucionais e possam sempre promover a livre circulação da informação.

Diante da insegurança e do medo de vivenciar essa pandemia de escala mundial, temos que nos apoiar em dados confiáveis e seguros. Neste sentido, devemos lutar para que a desinformação, as Fake News e a falta de credibilidade aos dados científicos não causem ainda mais deletérios à população, pois como bem sabemos, a informação pode salvar vidas. A ciência está fazendo a sua parte, mas precisa de investimentos e apoio para desempenhar seu importante papel na sociedade, que neste momento, é mais imprescindível que nunca.

Postagem de autoria de Luciana Gracioso (DCI) e Carla Regina Silva (DTO)

Créditos da imagem: Freepik no Freepik

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Autor

  • Carla Regina Silva

    Docente do Departamento de Terapia Ocupacional e do Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional (UFSCar). PhD em Perspectiva Crítica Decolonial em Terapia Ocupacional pela Universitat Central de Catalunya, Espanha.

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