A pandemia do novo coronavírus provocou uma avalanche de informação. Apenas no mês de março, 550 milhões de mensagens postadas no Twitter continham termos relacionados à COVID-19 e, atualmente, uma busca no Google com o termo “pandemia” gera mais de 290 milhões de resultados.

Essa enorme quantidade de informação levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar que, juntamente com a epidemia, enfrentamos uma infodemia, ou seja, “um grande aumento no volume de informações associadas a um assunto específico, que podem se multiplicar exponencialmente em pouco tempo devido a um evento específico” (1).

Em meio a tantos textos, vídeos, tuítes e comentários, surgem informações falsas ou imprecisas que podem impactar a forma como lidamos com o novo coronavírus e agravar a pandemia. De acordo com a OMS, a desinformação dificulta que estudos e orientações confiáveis sejam encontrados, bem como pode vir a afetar os processos de tomada de decisão e levar as pessoas a se sentirem ansiosas, deprimidas, sobrecarregadas e emocionalmente exaustas. Também amplia a desconfiança frente às autoridades de saúde e desvia parte dos esforços da imprensa, que precisa trabalhar para refutar as informações falsas (1,2).

Além disso, fake news se espalham mais rapidamente do que notícias verdadeiras (3) e informações falsas relacionadas ao novo coronavírus podem dificultar a relação entre pacientes, familiares e profissionais, uma vez que, enquanto as equipes adotam condutas apoiadas na ciência, a família pode fazer pressão pelo uso de medicamentos e práticas sem eficácia comprovada, por exemplo. Para lutar contra esse cenário, especialistas de 17 países se mobilizaram no último mês de maio através de uma carta que pede o fim das informações falsas sobre temas vinculados à área da saúde (4).

 

Você já viu notícias assim?

No Brasil, pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) identificaram o WhatsApp como a principal rede social propagadora de notícias falsas (5) sobre o novo coronavírus e, a partir das informações recebidas pelo aplicativo Eu Fiscalizo, detectaram algumas das principais fake news (6). Entre os tópicos mais frequentes, estão métodos caseiros para prevenir o contágio e curar a doença.

Há também publicações que difamam profissionais de saúde e alegam mudanças nos atestados de óbito para que a COVID-19 conste como causa da morte, o que pode gerar sofrimento naqueles que estão na linha de frente no combate à doença e em famílias que estão passando pelo processo de luto.

Ainda no âmbito dos cuidados paliativos, cresceu nos últimos meses o número de notícias sobre médicos que, pela falta de leitos de UTI e respiradores, precisam escolher quais pacientes tentarão salvar. A questão lançou luz sobre aspectos bioéticos que vêm sendo discutidos em associações e conselhos e é mais multifacetada do que o retratado nas reportagens.

Problemas como esses reforçam a importância de buscar informação de fontes confiáveis, que estejam preocupadas não em alarmar mas em orientar e promover as melhores práticas contra o novo coronavírus.

 

Onde encontrar informações confiáveis?

Sugerimos os sites de organizações oficiais reconhecidas por seu trabalho na área da saúde, tais como:

 

Onde checar mensagens falsas?

O Brasil conta com diversas iniciativas de checagem de fatos. Abaixo listamos algumas delas:

O exercício de checar informações antes de repassá-las se configura, mais do que nunca, como um ato de cidadania.

Versão em Libras:

 

Referências

  1. OPAS. Entenda a infodemia e a desinformação na luta contra a COVID-19. Disponível em: https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/52054/Factsheet-Infodemic_por.pdf?sequence=5
  2. POSETTI, J.; BONTCHEVA, K. Desinfodemia: Descifrando la desinformación sobre el COVID-19. Unesco: 2020.  Disponível em: https://en.unesco.org/sites/default/files/ disinfodemic_deciphering_covid19_disinformation_es.pdf
  3. VOSOUGHI, S.; ROY, D.; ARAL, S. The spread of true and false news online. Science. V. 359, ed. 6380, pp. 1146-1151, mar. 2018. Disponível em: https://science.sciencemag.org/ content/359/6380/1146/tab-pdf
  4. HALLAL, M. Profissionais da saúde divulgam carta pedindo o fim da circulação de fake news sobre coronavírus. Disponível em: https://saude.estadao.com.br/noticias/geral, profissionais-da-saude-divulgam-carta-pedindo-o-fim-da-circulacao-de-fake-news-sobre-coronavirus,70003301859
  5. Pesquisa revela dados sobre ‘fake news’ relacionadas ao novo coronavírus. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/estudo-identifica-principais-fake-news-relacionadas-covid-19
  6. Estudo identifica principais fake news relacionadas à Covid-19. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/estudo-identifica-principais-fake-news-relacionadas-covid-19.

 

Elaborado por:
Esther Angélica Luiz Ferreira
Tatiana Barbieri Bombarda
Juliana Morais Menegussi
Stefhanie Piovezan

 

Saiba mais sobre a Liga Acadêmica de Terapia Antálgica e Cuidados Paliativos (LATACP):

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Créditos da imagem: Rawpixel no Freepik

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Autor

  • Stefhanie Piovezan

    Stefhanie Piovezan é jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp. Atuou como colaboradora da Folha de S.Paulo e do UOL, foi repórter do Diário de S.Paulo e editora do G1 São Carlos e Araraquara. Atualmente, é professora dos cursos de Jornalismo, Rádio e TV e Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).

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