No dia 31 de maio é comemorado o Dia Mundial sem Tabaco. A data foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar a população sobre as consequências do tabagismo, alertando acerca das doenças e mortes evitáveis relacionadas ao consumo desse produto.

A campanha de conscientização no Brasil é de responsabilidade do Ministério da Saúde que, juntamente com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), também desenvolve um conjunto de ações que compõem o Programa Nacional de Controle ao Tabagismo (PNCT).

O PNCT trabalha com o objetivo de reduzir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de derivados do tabaco no Brasil, atuando em três grandes esferas: prevenção da iniciação do hábito de fumar, principalmente entre crianças, adolescentes e jovens; promoção da cessação do hábito de fumar; e na proteção à população quanto à exposição à fumaça ambiental do tabaco, reduzindo o dano individual, social e ambiental dos produtos derivados do tabaco. Para tanto, são realizadas ações em diferentes instituições, como escolas, unidades de saúde, universidades entre outras.

Você sabia?

  • O tabaco é uma droga e possui um dos maiores potenciais para causar dependência entre as substâncias psicoativas.
  • Ao ser inalado, o tabaco produz alterações no Sistema Nervoso Central, modificando assim o estado emocional e comportamental dos indivíduos, da mesma forma que a cocaína, heroína e álcool.
  • Estatísticas revelam que os fumantes possuem um risco:
    • 10 vezes maior de adoecer por câncer de pulmão;
    • 5 vezes maior de sofrer infarto;
    • 5 vezes maior de sofrer com bronquite crônica e de enfisema pulmonar;
    • 2 vezes maior de sofrer acidente vascular cerebral (AVC). Mulheres fumantes possuem de 2 a 3 vezes mais riscos que os homens fumantes de sofrer um AVC (derrame) e são, geralmente, menos sensíveis do que eles à terapia de reposição de nicotina.
  • De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano em todo o mundo, sendo mais de 7 milhões dessas mortes relacionadas ao uso direto do produto, enquanto cerca de 1,2 milhão resultam de fumo passivo (pessoas que não fumam, mas estão expostas à fumaça do cigarro).
  • O tabagismo é a maior causa de morte evitável no mundo.
  • O tabagismo passivo é a terceira maior causa de morte evitável no mundo.
  • A poluição tabágica ambiental (PTA) é responsável por 90% da poluição do ar.
  • Pelo menos 200 mil trabalhadores morrem todos os anos ao redor do mundo devido à exposição à fumaça do cigarro.
  • Metade das crianças no mundo estão expostas à fumaça do cigarro em casa.

Dicas que ajudam no processo de cessar o tabagismo

Primeiramente, há de se ter consciência de que não há uma receita infalível e que o passo mais importante é o desejo de parar.

Quando uma pessoa para de fumar, sua primeira reação é um intenso desejo pelo cigarro, chamado de fissura. Esta sensação dura de 1 a 5 minutos e a boa notícia é que é possível aprender a controlá-la. Algumas dicas são:

  • Beba água;
  • Respire profundamente, com os olhos fechados (esse exercício ajuda a relaxar);
  • Mastigue balas e chicletes (de preferência sem açúcar);
  • Monte seus “kits fissura”, ou seja, recipientes para deixar sempre por perto, nos quais você pode colocar: cristais de gengibre, cravo, canela em pau, casca seca de laranja, semente de abóbora, uva passa, legumes crus (cenoura ou pepino cortados em palitos, por exemplo). Fazer uso dessa estratégia ajuda a diminuir a ansiedade e a não engordar;
  • Pratique exercícios físicos – uma boa opção é caminhar por 30 minutos todos os dias;
  • Evite tudo que possa estimular a vontade de fumar, como café e bebidas alcoólicas;
  • Elimine objetos que possam lembrar o cigarro, como cinzeiros e isqueiros;
  • Jogue o maço de cigarros no lixo, é um risco tê-lo por perto;
  • Peça ajuda de familiares e/ou amigos que possam estar ao seu lado nos primeiros dias.
  • Cada vez que a fissura for controlada, voltará mais fraca e com menor frequência até desaparecer.

Outras reações que podem ocorrer são: irritabilidade, ansiedade, insônia, dificuldade de concentração, prisão de ventre, sede e dores de cabeça. Porém, nem sempre todos estes sintomas estão presentes, e tendem a durar, no máximo, duas semanas (período de duração da síndrome de abstinência do tabaco).

Em caso de recaída, continue tentando, não desista! Se for difícil na primeira tentativa, reflita sobre a situação que o levou a fumar e tente descobrir o que pode ser feito. Escolha uma nova data e comece o processo novamente. Lembre-se de que diversas pessoas já conseguiram parar de fumar e que nem sempre isso ocorreu na primeira tentativa!

Benefícios alcançados quando o tabagismo é abandonado

  • Em 20 minutos a pressão arterial e os batimentos cardíacos voltam ao normal;
  • Em 8 horas os níveis de monóxido de carbono voltam ao normal;
  • Em 1 dia se inicia uma redução do risco de ataque cardíaco;
  • Em 3 dias o fôlego começa a melhorar;
  • Entre 2 e 12 semanas o sistema circulatório melhora e atividades como andar e correr se tornam ações muito mais fáceis;
  • Entre 3 e 9 meses a capacidade pulmonar aumenta em 10% e tosse, chiado e problemas respiratórios começam a diminuir;
  • Após 1 ano, o risco de desenvolvimento de alguma doença cardíaca cai pela metade;
  • Após 2 anos, a chance de nunca mais fumar aumenta consideravelmente;
  • Após 5 anos, entre 5 e 15 anos após se parar de fumar, o risco de um AVC (derrame) é reduzido ao nível de alguém que nunca fumou;
  • Após 10 anos, o risco de câncer no pulmão diminui bruscamente, e;
  • Após 15 anos, o risco de doenças cardíacas é similar ao risco de alguém que nunca fumou, além do risco de morte associada ao fumo, que retorna quase ao nível de pessoas que nunca fumaram

Caso você tenha interesse em deixar o cigarro – ou conheça alguém que o tenha – vale a pena informar-se junto à Secretaria Municipal de Saúde de sua cidade. Existem grupos de tratamento do tabagismo por todo o território nacional, porém, a organização deles (local onde ocorrem, como ser encaminhado e como manifestar interesse) pode variar de município para município.

Os grupos de tratamento contam com uma abordagem terapêutica estruturada e orientada pelo INCA (“Deixando de fumar sem mistério”), podendo haver ou não a associação de medicamentos durante o tratamento, a depender da avaliação clínica de cada indivíduo.

O enfoque das intervenções gira em torno dos comportamentos, pensamentos e sentimentos dos fumantes. Em cada uma das sessões, um material de apoio é entregue aos participantes. Este material, por sua vez, é disponibilizado gratuitamente à população através da página do INCA: https://www.inca.gov.br/publicacoes/manuais – clicando nos ícones “Deixando de fumar sem mistério” – sessões de 1 a 4. Vale a pena conferir!

 

O grupo Cuidados Sem Limites do InformaSUS-UFSCar, agradece à Terapeuta Ocupacional Bruna Melo Martins, pela idealização e escrita do material informativo.

Bruna Melo Martins é Terapeuta Ocupacional formada pela UFSCar e Mestra em Terapia Ocupacional pela mesma instituição. Atua no Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) de Araraquara desde 2011, onde integra a equipe municipal de coordenação do Grupo de Tratamento Antitabagismo.

Grupo Cuidado sem Limites

Elaborado por:

Júlia Andreza Gorla

Revisoras:

Débora Gusmão Melo

Vera Regina Lorenz

 

Referências:

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO ESPÍRITO SANTO. Tabaco mata 8 milhões de pessoas por ano no mundo. Disponível em: http://www.coren-es.org.br/tabaco-mata-8-milhoes-por-ano-no-mundo_23975.html#:~:text=A%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial%20da%20Sa%C3%BAde,fumantes%20expostos%20ao%20fumo%20passivo. Acesso em: maio de 2021.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Deixando de fumar sem mistério – Manual do participante, sessão 1. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/manuais/deixando-de-fumar-sem-misterio-manual-do-participante-sessao-1. Acesso em: maio de 2021.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Deixando de fumar sem mistério – Manual do coordenador. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/manuais/deixando-de-fumar-sem-misterio-manual-do-coordenador. Acesso em: maio de 2021.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. O que causa a dependência do cigarro? Disponível em: https://www.inca.gov.br/perguntas-frequentes/o-que-causa-dependencia-cigarro#:~:text=A%20nicotina%2C%20que%20%C3%A9%20encontrada,ao%20abuso%20e%20%C3%A0%20depend%C3%AAncia. Acesso em: maio de 2021.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. O que é tabagismo passivo? Disponível em: https://www.inca.gov.br/perguntas-frequentes/o-que-e-tabagismo-passivo. Acesso em: maio de 2021.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Disponível em: inca.gov.br/programa-nacional-de-controle-do-tabagismo#:~:text=O%20Programa%20Nacional%20de%20Controle%20do%20Tabagismo%20se%20destaca%20na,e%20ao%20abandono%20do%20tabaco. Acesso em: maio de 2021.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – UNIFESP. Principal causa de mortes evitáveis no mundo. Disponível em: https://www.unifesp.br/reitoria/dci/publicacoes/entreteses/item/2199-principal-causa-de-mortes-evitaveis-no-mundo#:~:text=Segundo%20a%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial%20da,de%20vida%20em%2020%20anos. Acesso em: maio de 2021.

Créditos da imagem: Freepik no Freepik

Veja também:

Autor

  • Júlia Andreza Gorla

    Terapeuta Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos. Possui especialização em terapia de mão e membro superior pela UFSCar, mestrado em Ciência pelo Programa de Pós-graduação Interunidades em Bioengenharia (USP – São Carlos). Atualmente é doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em Terapia Ocupacional da UFSCar

    View all posts

Deixe um comentário