Quem tem direito a receber cuidados paliativos?

O cuidado paliativo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um direito humano. Sendo assim, todos têm o direito de ter assegurado o alívio do sofrimento e a dignidade no fim da vida, bem como o respeito à autonomia e aos seus valores e crenças por meio de ações de saúde humanizadas.

Onde os cuidados paliativos podem ser realizados?

Os cuidados paliativos podem ser realizados em todos os níveis assistenciais, ou seja, desde o posto de saúde até hospitais especializados, a depender da capacitação da equipe. Demandas simples como liberação de medicamentos e consultas de rotina podem ser feitas por equipes de cuidado domiciliar ou no posto de saúde; demandas mais complexas, como convulsões ou dores fortes, podem ser cuidadas em unidades de pronto atendimento (prontos-socorros) e demais unidades de emergência; já questões específicas, como finitude de vida e luto, devem, preferencialmente, contar com equipe especializada na área.

Em muitas cidades, especialmente do interior, ainda não há equipes de cuidados paliativos específicas, pois ainda há falta de profissionais capacitados na área, assim como faltam contratações de especialistas pelos serviços de saúde. Nesses casos, os profissionais de saúde devem buscar orientações para auxiliar da melhor forma possível cada caso, propiciando conforto e dignidade a seus pacientes e familiares.

Como os cuidados paliativos podem ser aplicados nesta pandemia?

Os profissionais de saúde devem cuidar das demandas agudas em um momento como este, pois isso é parte primordial da assistência, mas devem ter em mente que aliviar o sofrimento (que não é só físico) dos pacientes e seus familiares também é um aspecto importante. Isso quer dizer que:

  • É essencial, por exemplo, que a equipe do pronto-socorro cuide da febre do paciente idoso que chega, mas cabe a outra parte da equipe avaliar se o familiar que acompanhou esse paciente está emocionalmente amparado;
  • É de suma importância que a equipe do posto de saúde se preocupe com os insumos necessários do paciente (fraldas, dietas e outros) com doença neurológica grave que está em atendimento domiciliar, mas é importante que se veja também como o cuidador está lidando com o isolamento social;
  • É importante que a equipe do ambulatório acompanhe os exames do paciente com câncer, que está fazendo sua quimioterapia, mas deve sempre levar em consideração outros aspectos, como se ele apresenta dúvidas ou preocupações excessivas que possam fragilizar seu enfrentamento no tratamento atual;
  • E é considerável que a equipe hospitalar adote medidas de controle de sintomas, mas que também acesse, mesmo que de forma rápida e sucinta, informações do contexto biográfico para o respaldo de tomadas de decisões.

No contexto da pandemia, as pessoas podem, para além de sofrer com o agravamento de sua condição de saúde, apresentar fragilidades relacionadas a medos e preocupações como a de outros membros da família adoecerem.

Dessa forma, é importante lembrar que aspectos empregados na abordagem de cuidados paliativos, como a comunicação de notícias difíceis, a avaliação multidimensional do paciente e de sua família e o controle de sintomas com manejos que vão além da administração de medicamentos, contribuem para a tomada de decisões relacionadas ao alívio do sofrimento, à morte digna e à oferta do suporte das perdas vivenciadas.

 

Referências:

LIMA, C.A.S. Ortotanásia, cuidados paliativos e direitos humanos. Rev. Soc.Bras. Cli Med, v.13, n.1, p.14-17, 2015.

Oxford University Press. A Field Manual for Palliative Care in Humanitarian Crises, 2019.

 

Elaborado por

Esther Angélica Luiz Ferreira,

Tatiana Barbieri Bombarda,

Juliana Morais Menegussi,

Stefhanie Piovezan.

Grupos de Extensão da UFSCar apoiadores:

              

Créditos da imagem: Freepik no Freepik

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Autor

  • Tatiana Barbieri Bombarda

    Terapeuta Ocupacional formada pela Universidade do Sagrado Coração de Bauru e docente do Departamento de Terapia Ocupacional (DTO) da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Vinculada ao Laboratório de Atividade e Desenvolvimeno (LAD), desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão nas áreas de Terapia Ocupacional Hospitalar e Cuidados Paliativos. É coordenadora do projeto Coletivo Cuidados Paliativos – São Carlos e vice coordenadora do Comitê de Terapia Ocupacional da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP).

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