Para começo de conversa: você sabe o que é uma pandemia?

Pandemia é uma situação em que há uma rápida disseminação de doença infecciosa por diferentes regiões geográficas. Trata-se de uma crise humanitária, já que é um evento de grande proporção que afeta a população e que ocasiona muitas mortes e limitações dos meios de subsistência, com impactos políticos e econômicos e efeitos sociais, psicológicos, ocupacionais e espirituais. Nesse cenário, os cuidados paliativos devem ser empregados como via de alívio do sofrimento dos pacientes e de sua rede socioafetiva.

Mas, afinal, o que são cuidados paliativos? Por que é importante falar deles neste momento de pandemia?

O cuidado paliativo é uma abordagem multiprofissional voltada a pacientes com diagnósticos de doenças graves e ameaçadoras da vida e que ocasionam sofrimento intenso, seja este físico, emocional, social e/ou espiritual. Como aspectos-chave dessa abordagem estão a promoção da qualidade de vida, prevenindo e aliviando o sofrimento, e a integralidade do cuidado.

Ao compreender o sofrimento como foco de atenção é preciso ter clareza de que, durante epidemias de infecções com risco de vida, como é o caso da que enfrentamos atualmente, o sofrimento pode resultar tanto da doença como da resposta terapêutica ou do sistema de saúde. Desse modo, a prevenção e o alívio do sofrimento devem ser ofertados a qualquer pessoa que sofra fisicamente, psicologicamente, socialmente ou espiritualmente, e não apenas àqueles em situação de risco de vida. Assim, o cuidado integral não se aplica apenas aos pacientes, mas também à rede de apoio familiar, à rede comunitária e aos profissionais de saúde.

Alguns pilares norteadores da prática paliativista – tais como o controle de sintomas de modo impecável, a comunicação assertiva, sensível e eficaz, o apoio ao luto e a abordagem dos aspectos espirituais no planejamento dos cuidados – são elementos que devem ser trabalhados na atenção à crise pandêmica com as devidas proporcionalidades demandadas por cada indivíduo, cenário e nível de atenção à Saúde. Para isso, é importante deixar claro que a aplicabilidade dos cuidados paliativos não exclui o tratamento curativo (que é o tratamento de “base” da doença), visto que os cuidados paliativos não se aplicam apenas em situações de fim de vida, como muitos acreditam.

 

Referências:

  1. Oxford University Press. A Field Manual for Palliative Care in Humanitarian Crises, 2019.
  2. WHO. Integrating palliative care and sympton relief into the response to humanitarian emergencies and crises, 2018.

 

Elaborado por:

Profª Dra. Tatiana Barbieri Bombarda
Profª Dra. Esther Angélica Luiz Ferreira
Profª Juliana Morais Menegussi
Profª Stefhanie Piovezan

 

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Autor

  • Esther Angélica Luiz Ferreira

    Médica, pediatra e reumatologista pediátrica pela Faculdade de Medicina de Botucatu - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FMB - UNESP); Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Anestesiologia da FMB - UNESP;Título de Especialista em Pediatria (TEP) pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP); Professora Adjunta do Departamento de Medicina (DMed) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Orientadora da Liga Acadêmica de Terapia Antálgica e Cuidados Paliativos da UFSCar (LATACP);Membro do Departamento Científico de Cuidados Paliativos da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP); Membro do Departamento Científico de Medicina da Dor e Cuidados Paliativos da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP); Integrante da Diretoria 2019/2020 - Academia Nacional de Cuidados Paliativos/ ANCP.

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