Autoria: Sofia Meireles

Descrição da obra: O outro em relação a ele mesmo e ao próximo, circulando no eixo entre si mesmo e os demais.

Expressão: Literatura

 

AOS HÁBITOS DO OUTRO

 

O hábito, por estar dentro do deserto,

Estabiliza o brilho com um frescor próprio.

A língua, quando dedilha a fala,

Sobe pelo pó dos erros.

As pedras da saliva,

Contrariam o bocejo, com o canto.

Um sofrimento casto,

Fechado em cavernas,

Prende-se a gestos.

A dança, moldada às máscaras,

Devolve o que há de silencioso ao infinito.

A carne desfaz noites,

Que se chocam com tudo o que cai.

O querer regressa,

Pelo movimento da mesmice.

O tempo, dobrado a horas, é interminável,

E sangra.

As transformações do agora

Nunca iluminam o outro.

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