Autoria: Domenico Solo

Descrição da obra: Discute de modo sutil e ao mesmo tempo ampliado as mudanças dos cenários que envolvem o desenrolar da vida cotidiana e do trabalho nas cidades brasileiras atuais. Isto se dá especialmente ao registrar ironicamente como inúmeras questões abordadas com urgência – e também com superficialidade – nos tempos da pandemia de hoje, são, em grande parte, o resultado de processos de desigualdades, injustiças e violências embutidas, já há diversas décadas, nos modelos insustentáveis – se é que podem ser identificáveis – da sociedade em que vivemos. Além disso, a poesia elaborada trata o eixo temático ao abordar os ciclos de discursos e ações político/empresariais que se repetem em tempos de crise sem se esgotarem, mas, ainda assim, apresentam efeitos parciais e desprovidos de novidades gerais. Apesar dessas considerações, o texto também inclui elementos positivistas num cenário desfavorável.

Expressão: Literatura

Amarelado

nada será como antes;

tudo será como foi.

E o andar é o que vem

por ruas macias e solos cem,

em amplas esquinas vedadas: como dói!

Querida, estamos suspensos por hastes;

meu eu é pêndulo nesta densidade sorvida

como expressão de tons nauseabundos,

sem nenhuma provável aberta intenção

e assim, creio, há de haver uma redenção

que paira nestes seixos de outros mundos,

meandros secos como poços de outra vida.

Afinal, saudáveis são os contratos que se encerram

si por si, privados de lamúrias e ciclos inaudíveis,

meras firulas sem contrações ascendentes,

enquanto o vulto ilumina nada sobre os descendentes;

é o reflexo inescrutável dos planos sensíveis,

que, por um gesto imediato, de novo e novo, se esvaíram.

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